sábado, 25 de setembro de 2010

Quadrinhos de pernambucanos


Quando eu escrevia o Chet para a Editora Vecchi os puristas do Recife me cobravam quadrinhos com personagens pernambucanos. Afinal tinhamos e temos uma cultura infinita de valores. Foi quando resolvi oferecer material nosso para a Grafipar. Primeiro eu, Roberto Portella, Zenival, Paciência e Libório fizemos um material que foi publicado no Sertão & Pampas. A turma desenhava e eu escrevia. Depois, não satisfeitos, editamos uma revista com o título de Cangaço e a editora publicou. Seguimos o mesmo esquema, mas nela só escrevi uma história para o meu primo Roberto Portella (que já havia desenhado a adaptação do livro do A Bagaceira, do paraibano José Américo, para as histórias em quadrinhos, pela EBAL). Eu e Bob depois fizemos várias histórias eróticas e pornôs para aquela editora.

O melhor naquela zorra toda era ter uma revista inteira feita por nós. O problema é que vendia muito pouco, cerca de cinco mil, enquanto Chet ultrapassava a casa dos 50 mil. Mas, mesmo assim fiz uma outra, desta feita uma revista inteira em parceria com Roberto: O Jagunço. A história de um beato que matava os "pecadores" em nome da Santíssima Trindade e do Padim Pade Ciço. Depois que assassinava ele rezava com um rosário entre as mãos. Não vendeu nada. Aí eu e Roberto Portella resolvemos investir no Grafter, um cowboy meio sem caráter. Vendemos em Portugal para a Feriaq e públicamos em tiras diárias nas páginas do Diario de Pernambuco durante três longos meses. Foi cansativo. A gente não continuou.

Porém, coloquei Mario Paciência para desenhar algumas histórias de Blue e Rick como complemento do Chet. Deu certo. e também lançamos um livro desenhado sob o título A Noviça (que não era a rebelde). A censura caiu em cima e avacalhou a publicação. Ficou sem pé nem cabeça, pois até pornografia tem que ter sequencia.

Pedro Zenival se deu muito bem. Ota se enamorou pelos excelentes desenhos dele e o colocou nas revistas de terror e para desenhar uma série que foi (ainda hoje é) sucesso no Brasil. Se tornou a coqueluche da editora. Zenival fazia um trabalho no qual colocava o cinza, aquele meio-tom, sem falar que os desenhos dele tinha um movimento incrível. Foi sucesso imediato. Mas, tudo que é bom dura pouco. Um senhor de Portugal que não quero dizer o nome aqui, mesmo porque isso já passou, levou duas histórias para publicar por lá. Entre elas estava uma do Zenival (escrita por mim). Foi então que nos chamaram para um programa de televisão para falar sobre os nossos quadrinhos. Num dos intervalos Zenival se virou pra mim e disse que eu tinha ficado com o pagamento da história dele. Bom, fiquei calado e, quando o programa voltou ao ar (era ao vivo) eu disse: o Zenival tem uma acusação grave a me fazer. Foi coisa de louco. Claro que me arrependo. Mas sempre fui muito de não levar desaforo para casa. Aí...Acabou. Mas enquanto durou foi legal. O incrível é que Grafter vendeu.
Na foto a turma de quadrinistas pernambucanos quando jovens. Hoje fazem parte dos Bengalas Boys Club

4 comentários:

  1. Bengalas Boys Club...kkkk dá até um conjunto ou CUjunto musical brega como queiram...

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  2. Taí um grupo de valorosos guerreiros do nordeste que fez história aqui no sul e em todo o país. Raras vezes o país pode contar com um time tão criativo qto este!
    Belo resgate... mas q, de fato, parece um bando de cantores bregas... parecem... (Rssss...).

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  3. Grande história essa que o Wilde relata. Ele foi um grande incentivador nosso. Sempre acreditou na PADA assim como o Lailson.
    São estas razões que nós nunca devemos desdenhar nosso passado.

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  4. Poxa!!! Wilde e o "seu" Cangaço. Mil histórias bacanas e inspiradoras. Realmente uma moçada porreta! É o que você diria, creio eu...(rsrsr...).
    Fantástico esse cenário de personagens e criadores!
    Sucesso sempre♥Beijo.

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